Entre as primeiras obras de Caravaggio, esta pintura, na qual a pose do braço pode recordar sua dívida ao pastor ajoelhado em um afresco por Peterzano, pertence ao pequeno grupo que sempre foi visto como auto-retratos. As cores lívidas do rosto do sujeito, o seu sorriso provocante e a gravidade da sua dignidade mitológica reforçam a tentativa de minar as elevadas pretensões das tradições artísticas renascentistas. Aqui não está nenhum deus, apenas um jovem doente que pode estar sofrendo com os efeitos posteriores de uma ressaca. Não há confundir o deleite do artista na representação dos pêssegos finos e uvas pretas na laje, as uvas brancas em sua mão e as folhas de videira que coroam seu cabelo, mas o artista não está satisfeito apenas para demonstrar sua excelente técnica: ele deseja desempenhar um papel íntimo e só a laje o separa do espectador. Sua aparência é impressionante em vez de bonito: ele mostra que seu rosto é insalubre e que seu ombro direito não é o de um Adonis bronzeado, como convenção necessária, mas pálido como no caso de qualquer homem que normalmente usa roupas.